Coordenadas no Revit x Arquivos topográficos do AutoCAD podem se tornar uma batalha épica para muitos profissionais, onde a melhor forma de solucionar problemas deste processo é compreender que tipos de dados estão sendo trabalhados e como trabalhar corretamente com os diferentes tipos de arquivos. Aprenda agora!
O sistema de coordenadas no Revit é um assunto que costuma causar calafrios em qualquer profissional, mesmo os mais experientes costumam ter problemas em seus projetos. Desta forma, reuni algumas informações para facilitar o entendimento dos principais pontos dentro desse fluxo de trabalho.
Mas antes de prosseguir, recomendo que leia uma outra publicação que fiz onde explico os principais pontos do sistema de coordenadas do Revit, segue link:
GUIA BÁSICO – COORDENADAS NO REVIT
Além de compreender o sistema de coordenadas no Revit, é importante entender como eles interagem entre si. Vamos conferir.
SISTEMA DE COORDENADAS NO REVIT
É importante revisarmos alguns pontos do sistema de coordenadas do Revit, mais precisamente a Origem interna, Ponto de levantamento topográfico e Ponto base do projeto.
Esses três pontos costumam causar muita confusão, mas vou explicar de uma forma que fique mais fácil de compreender.
ORIGEM INTERNA (INTERNAL ORIGIN)
A origem interna consiste na coordenada absoluta do Revit, sendo o ponto de partida dos eixos X, Y e Z, que funcionam como base para o posicionamento de todos os elementos do seu projeto.
A área de trabalho para a modelagem do seu projeto dentro do Revit é um espaço tridimensional (3D), que possui um ponto de origem, que é a coordenada absoluta do seu projeto. A localização de todos os elementos do seu projeto são relativas a origem interna do seu projeto.
Desta forma a origem interna é o centro do ambiente
tridimensional onde você desenvolve o seu projeto.
PONTO DE LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO (SURVEY POINT)
O ponto de levantamento topográfico representa um ponto geográfico, que estabelece um contexto do seu projeto em relação ao mundo real.
Sua localização é relativa ao terreno do seu projeto, que permite inclusive estabelecer um sistema de coordenadas compartilhadas, processo altamente recomendado para projeto que utilizam múltiplos arquivos vinculados.
O ponto de levantamento topográfico consiste na origem do terreno
onde a sua edificação será construída.
PONTO BASE DO PROJETO (PROJECT BASE POINT)
O ponto base do projeto é comumente utilizado para estabelecer uma referência para as dimensões da edificação, funcionando como a origem do sistema de coordenadas da edificação.
O ponto base do projeto consiste em um ponto de referência
para iniciar a edificação do seu projeto.
É no ponto base do projeto que definimos o norte verdadeiro do projeto, que permite uma série de analises da edificação, a começar pelo percurso do sol. Se quiser saber mais sobre norte verdadeiro, vou deixar alguns links abaixo:
COORDENADAS NO REVIT – FLUXO DE INFORMAÇÕES
Individualmente não parece complicado, mas o que geralmente causa confusão é trabalhar com as três informações juntas. Então vamos entender o papel de cada uma delas.
ORIGEM INTERNA – Consiste no ambiente tridimensional do Revit, onde o projeto é desenvolvido. Basicamente temos um espaço de trabalho perfeitamente plano (reto), regido pelo sistema de coordenadas X, Y e Z.
PONTO DE LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO – Dentro do ambiente tridimensional, usamos o ponto de levantamento topográfico para determinar a localização do terreno onde a edificação será construída. Esta é a origem das coordenadas compartilhadas.
PONTO BASE DO PROJETO – Dentro do espaço do terreno, precisamos de um ponto de partida para iniciar o desenvolvimento da edificação, no caso o ponto de base do projeto.
Mas eu sou obrigado a usar os três?
Depende do fluxo de trabalho, por exemplo, ao iniciar o projeto, todos os três estão sobrepostos na coordenada absoluta do Revit, ou seja, X=0, Y=0 e Z=0.
Em projeto simples, desenvolvido sem o envolvimento de outros profissionais, pode muito bem “ignorar” o sistema de coordenadas e ser elaborado sem apresentar problemas.
Já projetos que envolvem trabalho em equipe e múltiplas disciplinas tendem a ser bem problemáticos quando não se dá a devida atenção as coordenadas.
O mais importante aqui é entender a função de cada um deles, então vou deixar uma imagem de referência que vai facilitar a sua interpretação do sistema de coordenadas no Revit.
- ORIGEM INTERNA – é o ponto de partida do ambiente 3D do Revit.
- PONTO DE LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO – é o ponto de partida do terreno (que esta dentro do espaço 3D).
- PONTO BASE DO PROJETO – é um ponto de referência para iniciar a origem da edificação (que esta dentro do espaço do terreno).
Mas e esse tal “limite de 33 km (20 milhas)”?
O LIMITE DE 33 QUILÔMETROS (20 MILHAS)
Dentre os principais problemas relacionados a coordenadas, um dos mais confusos se refere a uma limitação de 20 milhas (33 quilômetros). Veja a mensagem.
“A geometria no Arquivo XXXXX.dwg possui extensões superiores a 33 quilômetros. Isto pode reduzir a confiabilidade e resultar no comportamento indesejável dos gráficos. Clique em OK para continuar ou em Cancelar para sair da importação”
De acordo com a sua versão do Revit a mensagem pode ser exibida com diferentes valores. Isso acontece pois versões mais antigas davam o alerta relacionado ao “diâmetro da área” (33 quilômetros) e as versões atuais informam o “raio da área” (16 quilômetros).
“O ponto base do projeto não pode ser colocado a mais de 10 milhas/16 quilômetros
de sua localização inicial. O que deseja fazer?“
Como a medida foi calculada em milhas, no caso 20 milhas, o valor em quilômetros na verdade é um diâmetro de 32.186,88m ou raio de 16.093,44m.
A situação mais comum para receber esta mensagem é quando estamos importando arquivos do AutoCAD (.dwg), que mesmo possuindo algumas formas de ser solucionado, qual o motivo deste alerta?
O limite de 33 quilômetros esta relacionado a precisão do modelo dentro do Revit, principalmente pelo fato de que quando falamos de coordenadas, temos diferentes cenários sendo trabalhados, onde os que costumam ser mais problemáticos, são geometrias importadas em formato CAD.
Como todos sabem (mesmo que alguns se recusem a admitir) a terra é redonda (mais precisamente uma geoide), porém o Revit nos oferece uma área de trabalho perfeitamente plana.
Ah, mas para termos problemas o projeto teria que ser gigantesco!
Não conte com isso. Para você ter uma ideia, uma pessoa de 1,80m de altura olhando para o mar, o horizonte está a uma distância de pouco mais de 5 quilômetros, então a partir de que distância o Revit começa a apresentar problemas de precisão?
No Revit temos um grande “plano imaginário”, que tem uma extensão de 20 milhas (32.186,88 metros), onde todo o nosso projeto é desenvolvido e onde também configuramos as coordenadas do nosso projeto.
Quando falamos de coordenadas no Revit temos o sistema de coordenadas principal (Origem interna), com sua origem na coordenada XYZ = 0,0,0. Este sistema é chamado de WCS (World coordinate system ou Sistema de coordenadas universal).
O Ponto de levantamento topográfico funciona como um ponto de referência dentro do WCS (que também determina a origem das coordenadas compartilhadas). Quando movido, todo o sistema de coordenadas é movido com ele.
O Ponto base do projeto é um segundo sistema de coordenadas, chamado de UCS (User coordinate system ou Sistema de coordenadas do usuário), que nada mais é do que um sistema de coordenadas definido pelo usuário (no caso, você). Você pode reposicioná-lo e girá-lo (para determinar a correta posição do sol).
O ponto de levantamento topográfico trabalha com informações de coordenadas geodésicas , e o ponto base do projeto trabalha com informações ortogonais (retas). Ambos funcionam muito bem juntos, o problema em si começa quando temos uma grande distância entre ambos.
Conforme trabalhamos com distâncias superiores a 20 milhas (33km), os valores começam a ficar imprecisos, gerando erros e distorções.
O WCS (ponto de levantamento topográfico) pode ser deslocado a praticamente qualquer distância, porém o UCS (Ponto base do projeto) tem a limitação de 20 milhas (32.2 Km).
Fiz uma simulação simples, criando um piso com os 32 Km de limite e deslocando as coordenadas para fora do plano. Observe que o ponto de levantamento topográfico pode ser posicionado em qualquer localização, já o ponto base do projeto se limita ao perímetro de 20 milhas.
Quanto mais próximo do centro, maior a precisão, então o Revit impõe este “limite” com o objetivo de garantir a precisão das informações do seu projeto. Pense nesse limite como uma tela de pintura.
Para pintar um quadro, não precisamos necessariamente começar pelo centro, porém devemos ter atenção se temos espaço suficiente para que toda nossa “arte” caber dentro do espaço da tela.
Desta forma, a primeira dica para evitar este tipo de problema é centralizar o seu projeto, principalmente se ele tiver grandes extensões, além de posicionar o Ponto Base do Projeto dentro destes limites.
Afinal se o prédio será construído em São Paulo, porque colocar o Ponto de base do projeto no Rio de janeiro? Lembre-se que o ponto de base do projeto deve ser inserido em uma localização estratégica da edificação, fator que reduz em 90% a chance de eventuais problemas.
COORDENADAS X CLIPE
A frase mais comum entre os profissionais quando falamos do clipe que aparece ao lado dos sistemas de coordenadas é:
“Não mexa nessa merd@!”
Não é pra menos. O clipe “muda as regras do jogo” quando é desativado, alterando o comportamento do ponto de levantamento topográfico e do ponto base do projeto.
Aliás, isso também depende da sua versão do Revit. Nas versões abaixo da 2020.2 (versão atualizada), o clipe aparece para o ponto de levantamento topográfico e para o ponto base do projeto. Já em versões Revit 2020.2 em diante, apenas o ponto de levantamento topográfico tem o clipe.
Outro detalhe é que o Ponto de levantamento topográfico era traduzido como ponto de pesquisa, mas a sua funcionalidade é a mesma.
PONTO DE LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO X CLIPE
O clipe presente na ferramenta Ponto de levantamento topográfico funciona da seguinte forma: quando ele esta ativado (configuração padrão) ao mover o ponto de levantamento topográfico, todo o sistema WCS é movido junto.
Porém, ao “desclipar”, o sistema WCS permanece onde esta, de forma que o ícone do ponto de levantamento topográfico se move livremente e o WCS permanece onde esta.
Nossa, então isso só atrapalha mesmo, vou perder toda a precisão do projeto!
Não exatamente. Por exemplo, para inserir coordenadas geodésicas do seu projeto (que podem posteriormente serem compartilhadas), você precisa “desclipar”, inserir as coordenadas e “clipar” novamente.
Isso é necessário pois o que você deseja é informar que a localização atual do ponto topográfico do projeto, tanto é que quando o clipe esta ativado, o campo para inserir as coordenadas esta em cinza. Porém, ao remover o clipe os campos ficam em azul, sendo possível digitar o valor desejado.
PONTO BASE DO PROJETO X CLIPE
Aqui temos dois cenários: versões anteriores e posteriores ao Revit 2020.2. Nas versões antigas, ao mover o ponto base do projeto, o projeto inteiro era movido, o que atrapalhava bastante quando era necessário alterar a localização do ponto base do projeto.
Para contornar este problema era necessário remover o clipe (clicando sobre ele), reposicionar o ponto base do projeto e em seguida ativar o clipe novamente (clicando sobre ele).
Nas versões posteriores ao Revit 2020.2 o ponto base do projeto não tem mais o clipe, onde você pode considerar que ele está “desclipado”.
Mas e se eu precisar mover o ponto base do projeto e o projeto junto?
Caso você precise efetivamente reposicionar o ponto base do projeto e o projeto inteiro junto, você precisa ir até a aba Gerenciar, painel Localização do projeto e selecionar a opção Realocar projeto.
A ferramenta Realocar projeto funciona como o “Clipe” do ponto base do projeto, permitindo que você mova o ponto base junto com todo o projeto.
COORDENADAS DO PROJETO X AUTOCAD
Além da correta organização das informações de coordenadas dentro do Revit, temos outros desafios, que são as coordenadas vindas de outros softwares, sendo o mais comum o AutoCAD. Mas antes fica um alerta.
“Não se atreva a falar mal do AutoCAD!”
O AutoCAD é um excelente programa e a sua precisão é indiscutível. Porém não posso dizer o mesmo de como as informações são tratadas dentro dele, que vão desde arquivos mal configurados à profissionais sem conhecimento técnico.
O grande problema é que o AutoCAD funciona como um “intermediário” neste fluxo, então vamos entender qual a verdadeira fonte das informações geográficas do nosso terreno.
COORDENADAS TOPOGRÁFICAS X COORDENADAS GEODÉSICAS
As informações geográficas do seu terreno devem ser extremamente precisas, onde o professional responsável por estas informações deve utilizar equipamentos adequados para realizar este levantamento.
Não apenas os equipamentos, mas também devemos analisar como as informações geográficas do terreno serão trabalhadas no desenvolvimento do projeto, onde temos um elemento chave, que é o ponto de partida da medição, ou melhor dizendo o “marco” da medição.
O marco ou marcador (No Revit equivale a ponto de levantamento topográfico), funciona como um “ponto de partida no terreno” para toda a medição, sendo instalado “fisicamente” no terreno, podendo ser um prego, uma chapa metálica ou mesmo um pilar de concreto.
Este marco pode ser um divisor de águas em relação a forma como as informações do terreno serão trabalhas, uma vez que as coordenadas podem ser, explicando de forma bem grosseira, identificadas de duas formas: como coordenadas topográficas ou coordenadas geodésicas.
COORDENADAS TOPOGRÁFICAS
Em um levantamento topográfico, o marco (ponto de partida) não considera a sua localização em relação ao globo terrestre e nem a curvatura da terra, interpretando a terra como “totalmente plana”.
Com isso conseguimos mapear todas as características da superfície do terreno (altimetria e planimetria), usando como base um plano cartesiano (eixo X e Y), onde todas as distâncias são contabilizadas a partir do nosso marco (ponto de referência).
Desta forma um levantamento topográfico permite obter as informações necessárias de um determinado terreno, porém não leva em consideração os terrenos no entorno ou mesmo sua localização no globo terrestre.
COORDENADAS GEODÉSICAS (GEOGRÁFICAS)
Em um levantamento geodésico (Geográfico), a curvatura da terra é considerada e identificamos precisamente localização do marco (ponto de partida) em relação ao globo terrestre. Sua localização é determinada através de informações de Latitude, Longitude e Elevação.
Como a terra não é perfeitamente redonda (tem uma forma geoide), nenhum sistema de coordenadas é individualmente preciso para determinar todas as localizações da terra, sendo necessário que as medição seja realizada localmente.
A determinação precisa de um ponto na superfície terrestre dá-se o nome de georreferenciamento, que permite tornar as coordenadas conhecidas dentro de um sistema de referência, como o WGS84, SAD69 ou SIRGAS 2000.
ANALISANDO UM ARQUIVO TOPOGRÁFICO
Vamos analisar um arquivo simples, de um terreno onde será construída uma moradia unifamiliar.
Quando este levantamento foi realizado, o profissional não estava com um GPS geodésico, então o marco (ponto base), foi arbitrário, ou seja, sem referência com o mundo real. O primeiro passo é localizar o ponto base e identificar a sua coordenada.
Observe que na imagem, o marco (ponto base) ele esta identificado como 100,000, tanto é que as coordenadas ao redor dele são relativas a este valor, por exemplo, 99.73, 98.49, 100.05, etc.
Porém, se você utilizar o comando ID Point (Atalho: ID), vai perceber que a localização real deste ponto em relação a coordenada 0,0,0 do AutoCAD é 1000,5000,100.
Observe que nas extremidades das linhas de limite do terreno, temos coordenadas que não são múltiplas de 100,000 mas sim de 1000,5000,100. As letras N e E correspondem a Norte (North) e East (Leste).
Inclusive é possível desenhar a linha de limite do terreno no Revit apenas com essas coordenadas, se quiser saber como, vou deixar o link de uma publicação que explica o procesos logo abaixo:
Podemos trabalhar com essas informações sem o menor problema, porém observe a distância do levantamento topográfico em relação a coordenada 0,0,0 do AutoCAD.
Apesar da distância, arquivos topográficos não costumam ultrapassar a distância de 33 Km (20 milhas), o que geralmente causa esse problema e quando você “copia e cola” esses dados em um arquivo novo.
Quando iniciamos um arquivo de AutoCAD, a tela é centralizada, de forma que a coordenada absoluta (XYZ = 0,0,0 ou o centro do WCS) fica fora da tela, no canto inferior esquerdo.
Ao “colar” as coordenadas no centro da tela, a coordenada 0,0,0 além de não ter nenhum contexto com os dados “colados”, e se a distância for superior a 33 quilômetros (20 milhas), certamente teremos problemas no Revit.
Resumindo, não altere o arquivo topográfico original, a menos que você tenha absoluta certeza do que você esta fazendo!
Porém não adianta simplesmente inserir o arquivo inteiro dentro do Revit, você precisa analisar o conteúdo do arquivo, entender que informação tem ali dentro. Observe que temos uma série de informações, que no AutoCAD funcionam muito bem, mas no Revit certamente vão dar problema.
Anotações, símbolos, legendas e folha não são necessários, então é importante conferir quais são os layers realmente importantes para o envio ao Revit. Fora que geralmente estas informações estão na coordenada 0,0,0. Você pode conferir isso girando o arquivo dentro do AutoCAD.
Neste arquivo os dados topográficos estão no eixo Z com altura de 100, já o restante das informações estão no eixo Z com altura de 0.
Ah, mas aí não tem jeito, vou ter que editar o arquivo!
Caso não reste alternativa, tome muito cuidado com o que vai ser editado. Outro ponto importante é criar um arquivo de backup. Não altere o arquivo original, salve uma cópia caso tenha problemas na alteração.
Outra dica importante é conferir as camadas (layers). Desligue tudo o que for desnecessário, deixe o arquivo o mais limpo possível, assim você terá menos itens para administrar ou editar. Recomendo que use a ferramenta Layer walk. Caso não conheça a ferramenta, vou deixar o link abaixo:
CONFERIR ORGANIZAÇÃO DOS LAYERS
Outro processo que pode ser realizado é a criação de novas camadas para que você tenha um melhor controle das informações que você precisa.
Para realizar um teste mais efetivo, e mostrar que nem sempre alterar o arquivo topográfico do AutoCAD é solução, vamos para o Revit criar uma topografia deste terreno.
CONFIGURANDO UM ARQUIVO TOPOGRÁFICO NO REVIT
O fluxo de trabalho que vou apresentar aqui é apenas uma forma que você pode adotar para utilizar as informações topográficas do seu projeto, não sendo necessariamente uma regra, mas apenas uma solução.
Para inserir um arquivo topográfico no Revit, você deve ir até a aba Inserir e escolher entre duas possibilidades, Vincular ou Importar o arquivo DWG.
Mas qual a diferença?
Arquivos vinculados estabelecem um “vinculo” com o arquivo original, desta forma sempre que o seu projeto do Revit for aberto, ele recupera a última versão salva do arquivo vinculado, desta forma você sempre vai trabalhar com o arquivo atualizado.
Quando apenas importamos o arquivo, este vinculo não é criado, de forma que se o arquivo original for alterado, será necessário remover o arquivo importado e importar o arquivo atualizado.
Em um primeiro momento você pode pensar que como a topografia já foi finalizada, não há necessidade de se criar um vinculo, mas o mais recomendado é vincular o arquivo, pois vamos precisar de uma ferramenta que só é habilitada no modo Vinculo de CAD.
No seu projeto, mude para a vista Terreno e na aba Inserir, no painel Vínculo, clique em Vínculo de CAD.
Ao clicar em Vínculo de CAD, será exibida a janela Vincular formatos CAD, onde além de selecionar o arquivo desejado, temos alguns ajustes a serem realizados na parte inferior da janela.
No meu caso marcar a caixa Camadas/Níveis como Especificar, para que seja possível escolher quais camadas do arquivo serão importadas. Também ajustei a Unidades de importação para Metros e o Posicionamento para Auto – Centro para Centro.
Na janela Selecionar Camadas/níveis para importar/vínculo, selecione as camadas que você precisa. No meu caso foram duas, a de curvas de nível e a de linha de divisa.
Pronto! Arquivo importado!
Se você visualizar em 3D, vai perceber o seu arquivo “flutuando” em relação aos níveis do projeto.
Por se tratar de um arquivo de topografia, a informação do ponto base de altura foi arbitrária, isto é, não considera a correta localização do terreno em relação ao globo terrestre. Desta forma, para facilitar a manipulação do arquivo, poderíamos “descer” o terreno.
Para isso, selecione o arquivo topográfico vinculado e no painel de Propriedades localize o campo Restrições.
Qualquer elemento dentro do Revit esta vinculado a algum nível, sendo que no caso do nosso terreno, o mesmo esta vinculado ao Nível 1. Lembra que no AutoCAD este arquivo foi posicionado na coordenada Z: 100,000? Isso quer dizer que ele está a 100 metros de altura.
Para resolver isso podemos alterar o campo Deslocamento Base para um valor mais próximo aos níveis base do projeto. No meu caso vou utilizar o valor de -95.00.
Observe que agora o terreno está mais próximo dos níveis do projeto.
Outro elemento que pode ser reposicionado é o Ponto de levantamento topográfico, que pode ser facilmente reposicionado indo até a aba Gerenciar e no painel Localização do projeto, clique na opção Adquirir coordenadas.
Este processo só pode ser realizado se o arquivo DWG que foi inserido tiver sido vinculado, em arquivos Inseridos a ferramenta não funciona. O processo é muito simples, basta clicar no arquivo topográfico. Será exibida uma janela de confirmação.
Em um primeiro momento você não vai notar muita diferença. Mas observe que o ícone de Ponto de levantamento topográfico “sumiu”, mas na verdade ele foi reposicionado para o equivalente a coordenada 0,0,0 do Arquivo DWG.
Nossa, mas ficou muito longe!!
Realmente, mas uma solução para isso é selecionar o Ponto de levantamento Topográfico, “desclipar” o clipe e movê-lo para a próximo do terreno.
Se você observar o valor que esta sendo exibido no Ponto de levantamento topográfico bate exatamente como o valor que é exibido no AutoCAD.
Agora podemos corrigir a posição do norte do projeto, uma vez que o terreno esta “inclinado”. Vá até a aba Gerenciar e no painel Localização do projeto selecione a opção Rotacionar norte do projeto.
Será exibida a janela Rotacionar projeto, onde devemos escolher a opção Alinhar a linha ou plano selecionada.
Agora você deve clicar em uma linha que será a referência de alinhamento do projeto, que será imediatamente reposicionado.
A partir de agora é possível definir a orientação da vista como Norte do Projeto ou Norte Verdadeiro. Basta ir ao painel Propriedades e alterar no campo Orientação.
Também é possível posicionar o norte verdadeiro do seu projeto, que expliquei em outra publicação. Vou deixar o link logo abaixo:
POSICIONAR NORTE VERDADEIRO – REVIT
O ponto base do projeto só será reposicionado quando for definido um ponto de referência da edificação, por enquanto você pode mantê-lo no onde está ou posicioná-lo junto ao ponto de levantamento topográfico.
Agora que esta tudo organizado, podemos criar o nosso terreno. Para isso vá até a aba Massa e terreno, localize o painel Modelar terreno e clique em Superfície topográfica.
Na aba Modificar | Editar superfície, no painel Ferramentas clique em Criar da Importação. Clique na opção Selecionar instância da importação.
Agora basta clicar no arquivo de topografia que será exibida a janela Adicionar pontos de camadas selecionadas. Tome o cuidado para selecionar apenas a camada (ou camadas) com as curvas de nível.
Será exibido o terreno com os pontos que foram obtidos antes do terreno ser criado. Nesta etapa é comum a necessidade de mover um ponto ou outro, então faça os ajustes necessários, tendo atenção a altura dos pontos e depois basta finalizar.
Observe que temos um terreno, corretamente posicionado e sem perder nenhuma informação relevante do levantamento topográfico, mesmo depois de uma série de ajustes.
CONFIGURANDO UM ARQUIVO GEODÉSICO NO REVIT
O fluxo de trabalho empregado no Revit para lidar com arquivos geodésicos não é muito diferente, a diferença efetiva é a qualidade das informações em questões geográficas, principalmente se for necessário o compartilhamento de coordenadas entre múltiplos arquivos.
Desta forma vou me concentrar nas principais diferenças, para não deixar o conteúdo do artigo muito repetitivo. Para isso vou utilizar um arquivo de AutoCAD que possui coordenadas Geodésicas, gentilmente cedido pelo meu amigo da Max da MPS Topografia.
Neste arquivo, ao utilizar o comando ID pont (atalho: ID), os valores de coordenadas são gigantescos. Mas não se assuste, os valores estão corretos.
Essas coordenadas obedecem um sistema de projeção plano chamado UTM (Universal Transversa de Mercator, logo, se quiser conferir a localização desta coordenada no globo terrestre, é necessário convertê-las para coordenadas Geográficas.
Existem muitos sites que fazem isso, vou deixar o link do site da SIGAM (Sistema Integrado de Gestão Ambiental):
https://sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam3/Controles/latlongutm.htm?latTxt=ctl00_con
No site você precisa inserir os valores de coordenada obtidos no arquivo de AutoCAD. Um detalhe importante é o fuso horário. Como o Brasil tem uma grande extensão, é necessário conferir qual o Fuso deve ser utilizado.
Como o loteamento fica no Pará, o fuso foi de 21, mas você pode conferir facilmente esta informação pesquisando por uma imagem de mapa UTM.
Ao final teremos as informações de Longitude e Latitude. Estes valores podem ser inseridos no Google Maps para conferirmos a precisão do arquivo.
Agora vamos conferir essas mesmas informações lançadas em um mapa UTM. É desta forma que as coordenadas são trabalhadas.
Observe que temos a localização exata não apenas do loteamento, mas também da coordenada que peguei de amostra no arquivo.
Conferida a precisão das informações, vamos inserir este arquivo dentro do Revit. No seu projeto, mude para a vista Terreno e na aba Inserir, no painel Vínculo, clique em Vínculo de CAD.
Como este arquivo já está “limpo” vou apenas ajustar as Unidades de importação para metros e o Posicionamento para Auto – Centro para centro.
Com isso já temos a topografia dentro do Revit.
O procedimento para o correto posicionamento do arquivo é o mesmo empregado para o arquivo Topográfico explicado acima, porém, como mencionei anteriormente, tenha sempre em mente qual o seu objetivo com o arquivo que foi vinculado.
Neste arquivo temos um loteamento completo, no arquivo que usei de exemplo para a topografia, tínhamos apenas um único lote. Para cada situação, diferentes fluxos de trabalho podem ser adotados para um melhor posicionamento do projeto.
CONCLUSÃO
Trabalhar com arquivos topográficos dentro do Revit exige que você tenha um completo entendimento das informações que serão trabalhadas, afim de evitar erros ou outros problemas mais sérios no decorrer do desenvolvimento do projeto.
Confesso que não tenho pleno domínio do assunto, mas tentei reunir aqui os principais elementos do fluxo de trabalho Revit X Arquivos topográficos, portanto fique a vontade para sugestões, correções ou mesmo críticas ao conteúdo.
Tem alguma dúvida no processo trabalho com arquivos topográficos ou alguma outra sugestão? Compartilhe sua dúvida, ela pode virar uma publicação exclusiva!
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