Iluminação no Revit – Guia básico reúne tudo o que você precisa saber sobre luminotécnica dentro do Revit! Aprenda agora!
Luminotécnica é o estudo e aplicação de iluminação artificial em espaços internos e externos de uma edificação. Um projeto eficiente exige informações técnicas sobre luzes e luminárias, mas o que nem todo mundo sabe é que temos todos estes dados dentro do próprio Revit.
Antes de mais nada, é importante que você entenda que luminotécnica e elétrica são assuntos diferentes. Enquanto a luminotécnica foca no estudo e aplicação da luz a elétrica foca no fornecimento, controle e distribuição segura da energia.
Desta forma o foco deste guia básico são os recursos de luminotécnica que o Revit oferece. Entendido isso podemos começar pelo básico, as grandezas e unidades de iluminação.
Iluminação no Revit – grandezas e unidades
Para o correto dimensionamento e análise de um projeto de iluminação, é fundamental conhecer as principais grandezas luminotécnicas, que nada mais são do que unidades de medida e os parâmetros utilizados para quantificar e avaliar o comportamento da luz e sua interação com os ambientes.
Não se preocupe em memorizar cada uma das grandezas que vou apresentar a seguir, mas é importante entender o que cada uma representa para a etapa de configuração de suas luminárias dentro do Revit.
Fluxo luminoso (Lumens)
Fluxo luminoso é a quantidade total de luz visível emitida por uma fonte luminosa em todas as direções, expresso pela unidade Lumens (Lm). Quanto mais lumens, mais brilhante a fonte de luz será.

Potência (Watts)
Potência é a quantidade de energia consumida para se converter energia elétrica em luz, sendo expresso em Watt. Desta forma associamos a potência (W) ao consumo de energia necessária para se emitir luz.

Eficiência luminosa (Lumens / Watt)
A eficiência luminosa é a relação entre a quantidade total de luz emitida por uma fonte luminosa (expresso em lumens) e a potência necessária consumida por esta mesma fonte (expresso em watt). Basicamente estamos falando de custo / benefício.
A eficiência luminosa pode ser obtida dividindo o valor de lumens pelos valor de watts (lm/W). Um outro fator importante é que o tipo de lâmpada tem forte influência no resultado.

Por exemplo, uma lâmpada incandescente precisa de 100w para emitir 1600 lumens, enquanto uma lâmpada LED precisa de apenas 18w para emitir os mesmos 1600 lumens, economizando muito mais energia, ou seja, uma lâmpada LED tem uma alta eficiência luminosa.
Intensidade luminosa (Candela)
Intensidade luminosa é a quantidade de luz emitida por uma fonte luminosa em uma determinada direção, expresso na unidade Candela (cd). Esta medida é importante principalmente para luminárias ou lâmpadas com facho de luz do tipo direcional (fechado).

Iluminância (Lux)
Iluminância corresponde a quantidade de luz que incide sobre uma superfície, tendo seu valor expresso em Lux (E). O valor de 1 lux corresponde a 1 lumen de fluxo luminoso em uma superfície plana de 1 metro quadrado.

Temperatura de cor (Kelvin)
Temperatura de cor é a tonalidade da luz emitida por uma fonte luminosa, expresso em Kelvin (K). Trata-se da “aparência” da cor, sendo classificada em quente, neutra ou fria.

Índice de reprodução de Cor (IRC)
O Índice de reprodução de cor (IRC) é uma escala que demonstra a capacidade de reprodução de cores de uma fonte luminosa artificial em relação a luz do sol.
O IRC é uma escala de 0 a 100, onde 100 corresponde a luz natural, que é o valor ideal para que as cores sejam percebidas como realmente são. Desta forma, quanto menor o valor,

Curva fotométrica (IES)
Curva fotométrica é um gráfico que representa a distribuição de luz de uma fonte luminosa ou luminária em diferentes direções, sendo indispensável para a análise do desempenho luminotécnico.

Através da curva fotométrica podemos avaliar a eficácia da fonte de luz em iluminar diferentes áreas de um mesmo ambiente.
Certo, mas como eu aplico tudo isso em um projeto?
Iluminação no Revit – Projeto e normas técnicas
Um projeto de iluminação (luminotécnico) consiste no planejamento detalhado da distribuição da luz artificial em um ambiente, interno ou externo.
Na elaboração de um projeto de iluminação são realizadas uma série de estudos, onde temos:
- Analise dos ambientes e atividades ali desenvolvidas;
- Escolha das fontes de luz;
- Cálculos luminotécnicos;
- Definição do sistema de controle e/ou automação
- Estudo de eficiência energética
- Estudo de conforto visual.
Tem alguma norma técnica para fazer isso?
Temos a NBR 8995-1 Iluminação de ambientes de trabalho – Parte 1: Interior (lembrando que a NBR 5413 – Iluminância de interiores foi cancelada).

A NBR 8995-1 estabelece os requisitos para a iluminação artificial de ambientes de trabalho internos, visando garantir condições adequadas de iluminação, promovendo conforto visual, segurança e produtividade.
Agora que temos os conceitos e as normas técnicas podemos conferir o que o Revit nos oferece quando o assunto e iluminação.
Iluminação no Revit – Luminárias
No Revit, as luminárias são elementos parametrizados, desta forma temos uma série de informações, parâmetros e funcionalidades dentro destas famílias.

Para carregar luminárias no seu projeto você pode ir até a aba Sistemas e no painel Elétrica temos um botão exclusivo para o carregamento de luminárias. Dependendo do tamanho da sua tela, pode ser que o menu seja exibido “compactado”, mas basta clicar sobre ele para expandir.

Você também pode usar o atalho LF para inserir suas luminárias.
Um problema muito comum é o Revit exibir uma mensagem informando que nenhuma família de luminária está carregada no projeto.

Isso acontece porque os templates padrão do Revit (Construção, Arquitetura, etc.) não são pensados para projetos de iluminação, desta forma temos duas saídas: usar um template de elétrica ou carregar os modelos de luminária que você precisa para o seu projeto.
Apesar do Revit oferecer um único botão para carregar uma luminária, podemos trabalhar com todos os tipos de luminárias: embutidas, pendentes, arandelas, balizadores, spots, postes, entre outras, mas o que quero focar aqui são as fontes de iluminação.

Toda luminária, independente do tipo, tem no mínimo uma fonte de iluminação, que possui duas características importantes: um formato de emissão de luz e um sistema de distribuição de luz.
Tanto a forma de luz quanto a distribuição de luz só podem ser definidas no editor de família, então vou criar uma família de luminária para acessarmos alguns campos de configuração. Para isso vá até a aba Arquivo e clicando em Novo Selecione Família.

Na janela Nova família o Revit vai oferecer diversas opções de famílias, mas para o nosso estudo vou selecionar a Luminária métrica, que é a mais simples.

No template Luminária métrica, além dos planos de trabalho, bem no centro da tela temos uma “bolinha amarela”. Ela é nossa fonte luminosa. Se quiser visualizar melhor altere para a vista 3D.

Selecione a fonte luminosa que a aba Modificar | Fonte luminosa será exibida. No painel Iluminação clique em Definição da origem da luz.

Na janela Definição da fonte luminosa podemos definir o formato da fonte e também a distribuição da luz.

Perceba que precisamos fazer uma combinação entre o formato e a distribuição da luz. O campo Emitir da forma deve ser escolhido de acordo com o formato da luminária que você está criando, onde temos quatro opções: Ponto, Linha, Retângulo e Círculo.

Já a Distribuição de luz determina como a fonte vai irradiar a luz, onde temos: Esférico, Hemisférico, Ponto e Teia fotométrica.

Vamos entender melhor essas opções de Distribuição de luz:
- Esférico: distribui a luz em todas as direções do ponto.
- Hemisférico: distribui a luz em um hemisfério.
- Ponto: Tem o formato de um Spot, definindo um facho de luz cônico.
- Teia fotométrica: Permite inserir um arquivo de uma curva fotométrica, que reproduz a distribuição de luz de uma lâmpada ou luminária real, sendo a opção mais precisa.
Para acessar os parâmetros de edição e controle da fonte de luz vá até a aba Criar e no painel Propriedades clique em Tipos de família.

Na janela Tipos de família, você precisa localizar o campo Fotométrica. Aqui temos todas os parâmetros fotométricos da sua fonte de luz.

Importante” De acordo com o tipo de distribuição escolhido temos diferentes parâmetros de edição e controle da fonte de luz.

A seguir vou apresentar todos os campos de configuração.
Fator de perda de luz
O fator de perda da luz é um índice que estima a redução do desempenho luminoso ao sair da fonte até chegar no local desejado. Fatores como bloqueios, dispersão e até mesmo poeira comprometem o desempenho da luz.

Por padrão o valor é 1, o que representa que não há nenhum tipo de perda. Se você clicar no botão temos acesso a janela Fator de perda de luz que tem dois métodos: Simples e avançado.

Já no campo Valor podemos definir o percentual de depreciação ou ganho de luz (valor de 1.0 indica que nenhuma luz é perdida, já valores maiores do que 1.0 indicam um aumento na luz). Vou descrever abaixo o que cada uma significa.
- Fator de ganho/perda de luz: perda ou ganho de luz devido aos desvios acima ou abaixo da temperatura ideal de operação.
- Fator de ganho/perda de tensão: montante de luz perdida ou ganha devido a flutuações na voltagem entregue para a origem de luz.
- Fator de perda: Para lâmpadas que usam reatores (geralmente fluorescentes) têm perdas ao operarem juntos como um sistema.
- Fator de perda de inclinação de luz: Para lâmpadas de vapor metálico, a medição do montante de luz perdido devido a posição da lâmpada. Ocorre uma diminuição da luz quando o ângulo da lâmpada troca o ponto frio do bulbo.
- Fator de depreciação de luz: Montante de luz perdida devido a deteriorização da luminária ao longo do tempo.
- Depreciação de lúmen de luz: Na medida que a lâmpada envelhece, ela produz montantes diminuídos de luz em uma curva previsível.
- Depreciação de sujeira de luz: Uma medição do montante de luz perdida devido a sujeira ou poeira ambiental presa na luminária.
- Fator de perda total de luz: Uma medição do montante de luz produzida por uma lâmpada, levando em consideração diversos fatores ambientais que obscurecem ou reduzem a luz emitida.
Mas como é que eu vou saber tudo isso???
Na verdade você não precisa, todas essas informações são de responsabilidade do fabricante da lâmpada ou luminária. Você vai simplesmente preencher os campos.
Intensidade inicial
A intensidade inicial é a quantidade de luz produzida pela fonte de luz em condições ideais (sem fatores de perda).

Clicando no campo com o valor temos acesso a janela Intensidade inicial, que nos oferece quatro opções: Voltagem, Fluxo luminoso, Intensidade luminosa ou Luminosidade.

Vamos entender o que cada campo representa:
- Voltagem: medição da alimentação elétrica consumida por uma origem de luz.
- Eficácia: O fluxo luminoso (lumens) produzido por uma origem de luz como uma relação do montante de energia consumida para produzi-la (medido em watts).
- Fluxo luminoso: quantidade total de luz visível emitida por uma fonte luminosa.
- Intensidade luminosa: quantidade de luz emitida por uma fonte luminosa em uma determinada direção.
- Luminosidade (Iluminância): quantidade de luz que incide sobre uma superfície.
- Em uma distância de: distância da origem de luz em relação ao plano de trabalho.
Todos estes valores também são de responsabilidade do fabricante de lâmpada ou luminária.
Cor inicial (Temperatura de cor)
Cor inicial é a temperatura de cor da fonte de luz, que nada mais é do que a tonalidade da luz, sua “aparência” de cor, sendo classificada em quente, neutra ou fria.

Clicando no campo com o valor, temos acesso a janela Cor inicial, onde podemos especificar a temperatura de cor em Kelvin (K) ou usar um valor personalizado.

O campo Valores de cor temos algumas opções de lâmpadas padrão de mercado, porém são lâmpadas que quase não são mais comercializadas, em função das lâmpadas LED serem muito mais eficientes.

Já o campo Temperatura de, permite digitar o valor em Kelvin (K) desejado. De acordo com o valor escolhido, temos uma caixa de cor ao lado do campo para conferirmos a tonalidade e na imagem acima temos uma amostra do impacto nas cores dos elementos iluminados por ela.

Observe que o valor de 6500k é entendido como “Branco de referência” ou o “branco puro”.
Troca de temperatura de cor
Na etapa de renderização é possível apagar, acender ou esmaecer luzes (diminuir a luminosidade), este último, no caso de lâmpadas incandescentes, temos uma alteração da temperatura de cor.

O valor padrão é Nenhum, porém observe que a única opção disponível é Curva da lâmpada incandescente.

Como uma lâmpada incandescente (ou halogena) utiliza um filamento aquecido para gerar luz, onde ao reduzir a luminosidade, a temperatura de cor é afetada.

O campo Troca de temperatura de cor controla isso automaticamente. Em resumo, ative esta opção apenas quando estiver trabalhando com luzes incandescentes ou halogenas.
Filtro de cor
Permite atribuir um “filtro de cor” para a sua fonte luminosa. A cor obedece um padrão RGB.

O branco deve ser entendido como “transparente”, ou seja, a Cor inicial não é afetada pelo filtro. Qualquer outra cor será “multiplicada” pela cor inicial.
Ângulos: Inclinação, Ponto da viga e Ponto do campo
Para as luzes Ponto (Spot) e Teia fotométrica (Curva fotométrica), temos três opções de controle de ângulos: Ângulo de inclinação, Ângulo do ponto da viga e Ângulo do ponto do campo.

- Ângulo de inclinação: define a inclinação do spot, onde 90° corresponde a um spot fixo no teto e apontado para o chão.
- Ângulo do ponto da viga: define o ângulo de abertura do feixe de luz periférico (cone externo de luz), permitindo criar uma transição mais suave ou abrupta para as áreas de sombra.
- Ângulo do ponto do campo: define o ângulo de abertura do feixe de luz mais intenso (cone central de luz).

A tradução destes recursos ficou bem ruim mas a funcionalidade das configurações de ângulo são bem simples e práticas de serem aplicadas..
Arquivo de rede fotométrica
Arquivos de rede fotométrica, conhecidos como arquivos de curva fotométrica são usados para representar as características de distribuição de luz de uma lâmpada ou luminária.

Os arquivos de curva fotométrica tem a extensão IES (Illuminating Engineering Society), que armazenam informações como intensidade da luz, o ângulo de distribuição, a eficiência luminosa e a orientação do feixe de luz de uma luminária.

Um arquivo IES pode ser aberto por um programa como o Bloco de notas, porém você não vai conseguir entender as informações contidas ali, apenas as do cabeçalho.

Porém é possível utilizar programas específicos para abrir estes arquivos e conseguir visualizar graficamente a curva fotométrica. Uma opção simples e gratuita é o IESviewer. Vou deixar o link do site se você quiser fazer download do programa.
IESviewer (Photometric Viewer)
Como o programa é apenas um visualizador, sua interface é bem simples, onde basta localizar o arquivo desejado e clicar sobre ele que sua curva fotométrica é exibida.

Se você clicar com o botão direito sobre o arquivo na lista e selecionar a opção Render é possível visualizar o efeito que a iluminação vai gerar no seu projeto.

Observe que o formato da distribuição da luz condiz com a imagem renderizada.

O interessante aqui é que se você usar este arquivo IES no seu projeto e renderizar, o efeito será exatamente o mesmo.
Para adicionar um arquivo de curva fotométrica a sua fonte de luz vá até o campo Arquivo de rede fotométrica e no campo onde está escrito generic clique nos “três pontinhos”.

Na janela Selecionar arquivo basta localizar o arquivo IES desejado e clicar em Ok.

Observe que a fonte de luz passou a ter o mesmo formato que a curva fotométrica.

Inseri esta fonte de luz que acabei de criar em um arquivo e fiz uma renderização dentro de um espaço fechado, onde esta luminária era a única fonte de luz do ambiente. Confira o resultado.

Comprimento do símbolo da fonte luminosa
O Comprimento do símbolo da fonte luminosa é um recurso exclusivo para a fonte de luz Ponto (Spot). Basicamente ele permite controlar o comprimento do cone de luz.

Observe que esta opção está localizada em outro campo, no caso o Cotas. Sua configuração é muito simples, onde basta definir o valor de comprimento desejado.

Conclusão
Em um primeiro momento parece muito complexo trabalhar com iluminação dentro do Revit, porém entenda que boa parte dos parâmetros e configurações apresentados até aqui são de responsabilidade dos fabricantes das lâmpadas e luminárias.
Dificilmente você terá que fazer essas configurações manualmente, porém é fundamental que você conheça e entenda para o que elas servem, além de ajudar a você a identificar se a fonte de luz que você colocou no seu projeto está configurada corretamente.
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