Processo BIM 4D, o que é?

O que é o processo 4D? O processo de desenvolvimento de um projeto em BIM não se limita apenas a modelagem 3D, logo, é crucial compreender o impacto desta nova dimensão no seu projeto.

Desenvolver projetos em 3D já não é novidade a muito tempo. Temos diversos softwares para isso no mercado, porém, na construção civil, estamos testemunhando uma grande mudança de paradigma com a adoção do BIM como processo de trabalho. Deixamos de tratar o projeto como uma mera representação gráfica e passamos a encará-lo como uma  simulação virtual do projeto, que inclui todas as informações relativas ao ciclo de vida de uma obra.

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Desta forma, uma imensa quantidade de informação é gerada, diversos profissionais das mais variadas disciplinas são envolvidos no processo, e consequentemente, um volume gigantesco de dados e informação são gerados. Mas, com tanta gente envolvida em um mesmo processo, como validar toda essa informação gerada?

Não apenas isso, esse volume imenso de dados deve ser ordenado e distribuído durante todo o ciclo de vida do projeto. Informação correta no momento correto. Percebemos aqui que uma representação 3D está totalmente atrelada a um determinado espaço físico na obra, mas precisamos nos preocupar com outro aspecto do processo, o tempo.

E onde que entra esse tal de 4D?

O QUE É O BIM 4D?

A metodologia que emprega o uso de cronogramas tradicionais não consegue fornecer a quantidade de informações necessárias ao contexto espacial e a complexidade dos componentes de um projeto, se limitando a uma exibição gráfica. Importante observar que não estou afirmando que este processo seja ineficiente, mas sim, limitado, principalmente quando aplicado a projetos de grande complexidade.

A dimensão 4D representa exatamente isso, a analise e monitoramento dos tempos da construção. Por mais disciplinas que uma obra contenha, cada uma delas tem o seu momento correto de acontecer. A interação destas disciplinas pode acontecer individualmente, outras de forma sincronizada ou mesmo de forma intermitente.

BENEFÍCIOS DO 4D

O 4D permite vincular os elementos do seu modelo 3D ao cronograma da obra, associando tarefas aos respectivos componentes representados no modelo 3D, determinando o momento em que estes elementos serão executados, possibilitando o acompanhamento do avanço físico de cada etapa, maior compreensão do cronograma, detecção de erros e potenciais interferências que possam ocorrer antes mesmo de sua execução.

Os benefícios da dimensão 4D não param por aí. Além de coordenar todas as disciplinas tradicionais de um projeto, como projeto arquitetônico, estrutural, elétrico, hidráulico, etc., podemos incluir projetos destinados ao planejamento do canteiro de obras, projetos de equipamentos necessários a realização da obra como andaimes, formas, segurança do trabalho ou mesmo modelos de fabricação ou construção, por exemplo, instalação de peles de vidro, elementos pré-fabricados, só para citar alguns.

TRABALHANDO COM A DIMENSÃO 4D

Em termos simples, o BIM é o processo de criação de modelos ou conjuntos de dados formados por informações gráficas e não gráficas em um espaço digital compartilhado conhecido como CDE (Common Data Environment). As informações são enriquecidas à medida que os estágios do projeto progridem até que o conjunto completo de dados seja entregue ao Cliente e / ou ao usuário final na conclusão.

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Em linhas gerais um processo 3D permite desenvolvermos a simulação da construção, o processo 4D nos proporciona a simulação do processo de construção.

É muito importante deixar claro, que todos os modelos 3D sejam desenvolvidos seguindo um padrão e organização de informações, onde se recomenda o uso do BEP (Bim Execution Plan – Plano de execução BIM) ou também conhecido como BIM Mandate, que nada mais é do que um documento que explica em detalhes como a modelagem das informação de um projeto deverão ser realizados.

Um ponto positivo de softwares 4D é a capacidade de agregar arquivos nativos de diversos outros softwares, que podem ser arquivos proprietários (empresas de software privadas, o arquivo só pode ser visualizado pelo software que o criou ou softwares autorizados) ou arquivos abertos (de domínio público, sem restrições legais para uso). Uma alternativa ao uso de arquivos proprietários é a conversão do arquivo para a extensão IFC (Industry Foundation Classes), criado exclusivamente para garantir a livre comunicação de dados da industria da construção.

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É comum os responsáveis pelas disciplinas que constituem o projeto terem preferência por softwares de empresas diferentes, seja pela facilidade de uso ou eficiência da construção do modelo, mas independente disso, um arquivo pode possuir um volume muito grande de dados que não serão necessários na etapa de coordenação do modelo, o que pode impactar no tamanho do arquivo e na dificuldade do seu manuseio.

Se um arquivo separadamente, por diversos motivos costuma ficar pesado e exigir demais do seu computador, imagine juntar diversos desses arquivos dentro de um único modelo, seria totalmente inviável dependendo do porte e da complexidade do projeto. Portanto é altamente recomendado que ao invés de se coordenar os modelos de autoria, utilize-se modelos de coordenação.

Um modelo de Coordenação, deve conter basicamente as informações da geometria, classificação do elemento, sua especificação básica e os dados relevantes para análise. Ele é obtido pela através da exportação do modelo de autoria, através de um padrão que funciona como um filtro, selecionando as informações que devem seguir junto com o arquivo. Haverá um modelo de coordenação por disciplina envolvida no projeto.

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Outro aspecto que costuma causar estranheza nos profissionais é que em um software 4D você não efetua nenhum tipo de modelagem, afinal o propósito do software é a coordenação das diversas disciplinas, sendo assim, ao encontrarmos erros ou interferências no decorrer do planejamento do projeto, os problemas devem ser corrigidos diretamente no software de autoria do modelo.

Não pense que isso seja um aspecto limitador, muito pelo contrário. Este tipo de processo de “não-edição” permite que apenas o autor da respectiva disciplina faça alterações, o que oferece não apenas um ambiente de trabalho colaborativo, mas também um ambiente de confiança, onde cada profissional é responsável pelas informações ali compartilhadas.

PROCESSOS TRADICIONAIS X 4D

Uma dúvida muito comum é quanto aos processos tradicionais e suas respectivas ferramentas já existentes no mercado. Processos como, PDCA, linha de balanço, curva S, só para citar alguns, não serão substituídos pelo BIM, muito pelo contrário. Independente da ferramenta de gestão que você ou sua equipe utilize nos seus projetos, todas elas tem um ponto em comum que é o que elas precisam para funcionar de forma eficiente, mas o que seria isso?

Todas ferramentas precisam de informação!

Acredito que seja importante deixar claro que temos uma diferença quando falamos de dados e e de informação. Dados são fatos e estatísticas coletadas na forma bruta para referência ou análise, já informação são dados processados.

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Dependendo de como você desenvolver o seu projeto, ele pode ser rico de dados, mas pobre de informações relevantes para a sua execução. Então novamente volto a citar a importância do do BEP (BIM Execution Plan – Plano de Execução BIM), para que a informação necessária para o desenvolvimento do seu projeto esteja efetivamente contida dentro do seu modelo.

CONCLUSÃO

Existem diversos estudos sobre os benefícios e desafios do 4D, então certamente não conseguirei abordar aqui todos os seus aspectos, uma vez que o propósito desta publicação é apresentar um panorama geral para os profissionais que estão buscando entender o que este processo pode trazer de melhorias a sua metodologia de trabalho, então fique a vontade para complementar o assunto e enriquecer a discussão.

Para quem quiser aprender mais e saber a fonte do material que serviu de base para esta publicação, seguem algumas referências. Fique à vontade para entrar em contato caso precise de alguma informação adicional.

LIVRO: MANUAL DE BIM: um guia de modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores.
Autores: Chuck Eastman, Paul Teicholz, Rafael Sacks e Kathleen Liston.

LIVRO: Gerenciamento e coordenação de projetos em BIM.
Autor: Sérgio Leusin

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO: BUILDING INFORMATION MODELING NO ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO: Percepção e disseminação do BIM nas Instituições de Ensino Superior do Estado de São Paulo.
Autor: Luis André dos Santos
Link: BUILDING INFORMATION MODELING NO ENSINO DE ARQUITETURA E URBANISMO

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