Topografia – Corte e aterro do terreno são recursos muito básicos em qualquer projeto, mas as informações do antes e depois são fundamentais para qualquer planejamento de uma obra, então vamos entender como obter essas informações dentro do Revit. Aprenda agora!
CORTE E ATERRO
Sem dúvida um dos elementos fundamentais para qualquer projeto é um bom levantamento Topográfico. A partir deste levantamento é que conseguimos entender todas as características do terreno, permitindo assim determinar como será executada uma das primeiras etapas de sua obra, a movimentação de terra.
Mas antes é importante compreender alguns termos técnicos, então recomendo que você leia uma outra publicação que fiz sobre o sistema de coordenadas no Revit, ela vai permitir que você insira o seu levantamento topográfico dentro do Revit da forma o mais correta e precisa possível. Basta acessar o link abaixo:
GUIA BÁSICO – COORDENADAS NO REVIT
Os demais termos eu vou descrevê-los na sequência, para que você não fique perdido no decorrer da publicação. Lembrando, é claro, que você pode contribuir ou mesmo me corrigir, caso algum termo ou expressão tenha sido apresentada de forma rasa ou incompleta.
TERRAPLENAGEM
Terraplenagem se resume ao conjunto de operações de escavação, carga, transporte, descarga, compactação e acabamento que são executadas no terreno com o objetivo de alterar o seu estado natural para uma nova conformação topográfica, visando atender as necessidades estruturais da edificação que ali será implementada.
Peraí! Mas é Terraplenagem ou Terraplanagem?
Terraplenagem representa todo o trabalho de movimentação de terra que prepara o terreno, porém o termo Terraplanagem é uma variação que surgiu da expressão “aplanar” o terreno, tornar plano. A expressão terraplanagem pode ser utilizada sem nenhum prejuízo do seu significado, tanto é que se você procurar em um dicionário ela é encontrada como um sinônimo de Terraplenagem.
Apesar de contar com uma série de operações até se chegar ao formato ideal do terreno temos as operações mais básicas, sendo:
SONDAGEM DO TERRENO
Em uma etapa de estudo preliminar temos que executar a sondagem do terreno, que vai nos fornecer dados sobre as camadas de solo a serem atravessadas (tipos de solo e espessuras das camadas) e até mesmo o grau de compactação do solo.
CORTE
Dependendo das características do seu terreno, é comum a necessidade de se efetuar a operação de corte, que são os segmentos onde a implantação que foi prevista no seu projeto requer que seja realizada a escavação do terreno.
ATERRO
Uma outra situação que é muito comum é a necessidade de se executar um aterro que, quando necessário, devem ser realizados acompanhados dos serviços de compactação do solo.
SEÇÃO MISTA
Dependendo das características do terreno, é necessário fazer uma operação que é a combinação de corte e aterro, que chamamos de seção mista. Neste caso também é necessário fazer a compactação do solo, nos trechos onde foi executado o aterro.
EMPOLAMENTO DO SOLO
Um fator muito importante é que o volume de um solo varia segundo o seu grau de compactação e as características de seus grãos. Também temos o fato de que o solo do seu terreno tem um grau de compactação próprio, devido as forças atuantes nele ao longo dos anos (cargas, chuvas, processos geológicos, etc).
Então, ao se executar o processo de escavação, esse mesmo solo é “solto”, perdendo sua consistência natural, gerando um aumento de volume. Abaixo alguns valores para termos uma pequena ideia.
ÁREA DA SUPERFÍCIE E ÁREA PROJETADA
Todo terreno que não sofreu nenhuma intervenção (movimentação de terra, corte ou aterro) costuma ser bem irregular. Temos situações com aclives e declives, portanto em um mesmo terreno, podemos ter informações de área projetada e área de superfície com valores diferentes. Mas afinal, qual a diferença de ambos?
Considerando um terreno em declive, temos duas formas de se obter as informações de medidas do terreno. Uma delas é a área da superfície, que corresponde a área total da superfície, incluindo a superfície adicional que foi gerada devido a inclinação do terreno.
Já quando falamos de área projetada, estamos nos referindo a uma representação bidimensional da superfície, como se você estivesse trabalhando com uma foto de satélite do terreno e desconsiderando a superfície adicional que foi gerada devido a inclinação do terreno.
Temos que tomar muito cuidado com essa diferença, pois se utilizada no local errado podemos ter um erro grave de quantitativo.
Agora que já compreendemos os termos mais básico vamos entender como trabalhar as informações de corte e aterro dentro do Revit.
CORTE E ATERRO NO REVIT
Obviamente o primeiro passo é a criação do terreno dentro do Revit. Caso ainda não saiba como criar um terreno, recomendo que veja uma publicação que fiz explicando o processo. Basta clicar no link abaixo:
Sem dúvida o primeiro passo é a criação de um terreno. Vou criar um terreno simples para usarmos como modelo.
Agora vamos entender alguns pontos importantes, as Fases da obra. O Revit já conta com uma excelente ferramenta para isso, obviamente a ferramenta se chama Fases. Se quiser aprender mais sobre a ferramenta veja uma publicação que fiz sobre o assunto clicando no link abaixo:
Independente da forma como você costuma organizar o seu projeto podemos considerar que temos as fases Existente, a construir e a demolir. Se o nosso objetivo é ter um controle do corte e aterro do nosso terreno precisamos definir que o nosso terreno é um elemento existente em nosso projeto. Independente do seu projeto o terreno já estava lá.
Mas como eu faço isso?
É muito simples. Selecione o terreno e vá ao painel Propriedades. Localize o campo Fase e a opção Fase Criada. Observe que vai estar marcado como Construção Nova.
Todo objeto que é criado dentro do Revit é automaticamente configurado como Construção nova. Independente de você estar trabalhando com fases ou não. Então o primeiro passo é alterar a fase para Fase Existente.
Ei, meu terreno esta cinza!
Sim, essa é uma forma do Revit indicar os elementos de diferentes fases. Mas não se preocupe, temos mais algumas etapas aqui. A primeira é essa, configurar o seu terreno como um elemento que já existia antes da execução da sua obra. Vamos observar alguns detalhes no painel Propriedades. Observe que temos os campos Área projetada e Área da superfície.
Essas são as informações do seu terreno sem nenhuma intervenção de movimentação de terra, corte ou aterro. Ou seja, agora temos a informação do “antes”.
Legal, mas e o “depois”?
Para identificar o depois devemos recorrer a ferramenta Região com eixos, (que ficou com uma tradução meio estranha, deveria ser Região com inclinação, mas enfim…) que permite fazer alterações na superfície topográfica, porém vai nos indicar quais as alterações foram realizadas na superfície.
Para acessar esta ferramenta vá até a aba Massa e terreno e no painel Modificar Terreno clique em Região com eixos.
Será exibida a janela Editar a região graduada. Nela temos duas opções.
- Criar uma nova superfície topográfica exatamente igual a existente – já se auto explica, será criado um terreno exatamente igual ao terreno original.
- Criar uma superfície topográfica com base somente nos pontos do perímetro – aqui será criado um novo terreno com base somente no perímetro (contorno do terreno), sendo que os pontos internos serão ignorados, resultando em uma superfície suavizada, porém imprecisa.
Já deve ter dado para perceber que a opção mais recomendada é a primeira, uma vez que não podemos abrir mão de nenhuma informação relevante. Seleciona e opção Criar uma nova superfície topográfica exatamente igual a existente e clique sobre o terreno.
Serão exibidos os pontos que correspondem a superfície do terreno, basta confirmar a superfície topográfica.
Tome cuidado porque a primeira vista o seu terreno deixou de ficar cinza e voltou a cor que era exibido anteriormente, mas na verdade temos um novo terreno, no caso configurado para a fase Construção Nova. Para conferir basta selecionar o terreno e observar as Propriedades. Note que temos um novo campo de trabalho chamado Outros.
Antes de explorarmos o campo Outros vamos entender o que aconteceu com o Terreno. Basicamente o que temos é o seguinte, um novo terreno representando a nova fase do terreno e exatamente no mesmo lugar o terreno antigo, representando a fase Existente. Para conferir você pode ocultar o terreno atual para conseguir visualizar o terreno que esta por baixo.
Observe que o terreno configurado com a fase Construção nova esta com as cores que você configurou, já o terreno com a fase como Existente esta representado em vermelho com linhas tracejadas.
É importante esse entendimento para que seja possível trabalhar com as informações de corte e aterro, uma vez que precisamos das informações da fase existente e as informações de corte e aterro que serão executadas no terreno.
Selecione o terreno que esta na fase Construção nova e vamos analisar com calma os campos Cotas e Outros, dentro do painel Propriedades.
No campo Cotas temos os campos Área projetada e Área da superfície. Essas são as informações da área da topografia. Já no campo outros temos os campos que nos interessam, sendo:
- Corte/Preenchimento de rede – resultado do que foi cortado (removido) e relação ao que foi preenchido (acrescentado).
- Preencher – informa a área em m³ da topografia que foi preenchida.
- Cortar – informa a área em m³ da topografia que foi removida.
Importante deixar claro que os valores aqui expressos não consideram o empolamento do solo, ou seja, são valores brutos.
Certo, mas como eu faço a movimentação de terra, corte, aterro, etc?
Da mesma maneira que você faria em qualquer terreno. Você pode editar a malha, criar uma plataforma de construção, etc. Vou fazer algumas alterações para entendermos o resultado. Selecionando o terreno clique em Editar superfície.
Agora temos acesso aos pontos da topografia. Vou editar alguns pontos de forma que o terreno fique “mais alto” e finalizar. Observe que a topografia com a fase Construção nova foi alterada, mas a topografia com a fase existente permaneceu como estava. Se tiver dificuldades de visualizar as topografias basta selecionar a topografia atual.
Agora que a topografia esta selecionada vamos ao painel Propriedades e visualizar o campo Outros. Observe que os campos Corte/Preenchimentos de rede e Preencher foram alterados. Já o campo Cortar não.
Se analisarmos bem o que fizemos foi acrescentar terra ao terreno, desta forma tivemos um preenchimento do mesmo. Os valores estão iguais porque se não houve corte o resultado exibido em Corte/Preenchimento de rede é igual ao que foi preenchido.
Agora vamos novamente editar o terreno, desta vez vou editar a topografia de forma que parte do terreno fique “mais baixa”.
Observe que agora ficou mais evidente o contraste entre o terreno Construção nova e o terreno Existente. Agora vamos conferir o campo Outros nas Propriedades.
Agora o campo Cortar foi preenchido, uma vez que foi entendido que tivemos uma remoção de terra do terreno. Já o campo Corte/Preenchimento de rede esta com o valor que é o resultado entre o preenchimento e o corte. Lembrando que o Revit já entende que parte do que foi removido do terreno foi utilizado para preencher a outra parte do terreno.
Mas eu tenho que deixar os dois terreno sobrepostos?
Não precisa, você pode simplesmente ocultar o terreno que esta na fase Existente. Independente do terreno estar visível ou não o calculo é realizado corretamente. Agora temos um cuidado importante quando você utilizar uma plataforma de construção.
PLATAFORMA DE CONSTRUÇÃO
Vou criar um terreno mais simples para explicar, com as dimensões de 10 x 10m.
Caso você não saiba trabalhar com plataforma de construção vou deixar logo abaixo o link de uma publicação que fiz sobre o assunto.
Neste novo terreno vou criar uma plataforma de construção com 2 x 2 metros com todos os seus pontos na cota zero. Vou configurar a plataforma com 1 metro de altura. Vamos ver o resultado em 3D e em corte.
Agora vamos visualizar as Propriedades. Lembre-se que você deve selecionar o trecho de terreno que esta exatamente embaixo da plataforma de construção.
Se fizermos a conta “na ponta do lápis” seria a área da plataforma multiplicado pela altura, ou seja, 2 x 2 x 1, que nos dá o valor de 4m². Porém o resultado foi de 2,799m².
O que aconteceu de errado aqui?
Bom, o problema é a própria plataforma de construção. Vou selecionar a plataforma e visualizar as propriedades dela.
Observe que o valor do volume da plataforma é de 1,2m², que é exatamente (ou quase) a diferença de área que temos no campo Preencher do terreno. O que deve ser observado aqui é que o volume da plataforma de construção não é contabilizado, ou seja, a espessura da plataforma de construção e descontada do valor total (o que é completamente correto de se fazer.
Desta forma ao invés de considerar um preenchimento de 1 metro de altura, o Revit considerou o preenchimento como apenas 70 centímetros. Lembrando que o mesmo acontece caso a plataforma fique abaixo do nível do terreno. A diferença será que o valor irá impactar no campo Cortar.
TABELA DE QUANTIDADES
Agora que temos as informações de “antes” e “depois” da nossa topografia, podemos trabalhar essas informações em uma tabela de quantidades. Vamos até a aba Vista e no painel Criar clique no botão Tabelas (ou no Navegador de projetos clique com o botão direito em Levantamento de material). Selecione a opção Levantamento de material.
Em Categoria selecione a opção Topografia e clique em Ok.
Em Campos disponíveis da tabela temos uma série de opções que podem ser utilizadas, mas vamos nos concentrar nas informações que trabalhamos agora: Cortar, Preencher e Corte/Preenchimento de rede.
Agora vamos dar uma formatada na tabela. Na aba Classificar/Agrupar desmarque a opção Itemizar cada instância.
E na aba Formatação selecione a opção Calcular totais (faça isso para todos os itens que estão na coluna Campos).
Não sabe trabalhar com tabelas? Vou deixar o link de algumas publicações que fiz sobre tabelas logo abaixo:
TABELAS, DADOS E PARÂMETROS – REVIT
Agora temos uma tabela com toda a informação necessária sobre o Corte, Aterro e Preenchimento do nosso terreno.
Pronto! Com essas informações você tem um controle refinado de toda movimentação de terra executada no seu projeto.
CONCLUSÃO
Entender como um terreno é trabalhado, passando por terraplanagem, sondagem, corte aterro e demais etapas é fundamental para qualquer profissional.
O Revit oferece uma série de recursos que auxiliam demais no processo de cálculo de corte e aterro, sendo recursos indispensáveis para qualquer projeto.
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Olá , porque não faz um vídeo explicando seria bem mais didático.
Olá Paulo,
O vídeo seria exatamente o mesmo conteúdo da publicação.
Um abraço!
Parabéns Luiz!!! Muito didático. Só um adendo em um trecho você escreve: “informa a área em m³ ” No caso não deveria ser o volume!? Abraço.
Olá José,
Então, realmente obtemos o valor do volume ali, mas coloquei área pois além de ser o valor em m³ quis evitar de alguém confundir com o valor já considerando o empolamento do solo.
Um abraço!
Obrigado, estava mesmo à procura desta informaçao, resolveu o meu problema, estou sem topografo na empresa 🙂
Excelente material…
PARABENS!!!!!
NÃO EXISTE TRABALHO MAIS SÉRIO E COMPROMETIDO COMO OS SEUS!!!